Sacerdote e alfaiate — 1836

Sacerdote e alfaiate — 1836

Enquanto se entregava ao exercício das mais sólidas virtudes e aos estudos da filosofia, João sentia crescer sempre mais e mais em seu coração o desejo de dedicar-se a quão jovens iam a seu redor para aprender o Catecismo e exercitar-se na oração; aproveitando para isso as ocasiões em que os superiores o enviavam à Catedral para intervir nas funções religiosas.

A divina bondade, que tinha os olhos postos nele com amorosos intuitos, começou a lhe manifestar em forma mais detalhada o gênero de apostolado que tinha que exercer em meio da juventude.

Assim ou fez saber ele mesmo no Oratório, em forma reservada, a alguns dos seus, entre os que se encontravam Dom João Turchi e Dom Domingo Ruffino.

—Quem ia imaginar —dizia— a maneira como me vi quando estudava o primeiro curso de filosofia?

E um dos pressente lhe perguntou:

—Onde, em sonho ou na realidade?
—Isso não vem ao caso —replicou Dom Bosco.

O certo é que me vi já sacerdote, com roquete e estola e que assim revestido trabalhava em uma oficina de alfaiataria; mas, não fazendo trajes novos, a não ser cerzindo algumas roupas muito deterioradas e unindo entre si uma grande quantidade de pequenas peças de pano. Naquele momento não pude compreender o significado de todo aquilo que tinha visto, até que sendo já sacerdote o contei a meu conselheiro Dom Cafasso.

Este sonho —escreve Dom Lemoyne— ficou indelével na mente de Dom Bosco. Com ele lhe quis significar que sua missão não se limitaria simplesmente a selecionar jovens virtuosos lhes ajudando a conservar-se na virtude, mas sim também teria que reunir a seu redor a outros jovens desencaminhados e ameaçados pelos perigos do mundo, os quais, mercê a seus cuidados se permutariam em bons cristãos, cooperando eles, depois, na reforma da sociedade.

(M. B. Tomo I, págs. 381-382)

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Olhando para o futuro — 1831

Olhando para o futuro— 1831

Estando João como estudante no Castelnuovo, teve relações de amizade com um jovem chamado José Turco, que o pôs em contato com sua família. Esta possuía uma vinha situada em uma paragem denominada Renenta, próxima à aldeiola do Susambrino. À dita vinha costumava ir João com freqüência, por ser lugar afastado do caminho que atravessava o vale e, portanto, mais tranqüilo. De um morro podia dar-se conta de quem entrava na vinha dos Turco, e, sem ser visto, defendia as uvas contra qualquer agressão, sem deixar por isso os seus livros.

O pai do José Turco, que professava grande estima ao amigo de seu filho, encontrando-se em certa ocasião com o João, disse-lhe enquanto lhe punha uma mão sobre a cabeça:

—Animo, Joãozinho, sei bom e estudioso e verás como a Virgem te protege.

—Nela pus toda minha confiança —replicou o moço— ; mas me assaltam freqüentes dúvidas. Desejaria seguir os cursos de latim e me fazer sacerdote, mas minha mãe não tem meios para me ajudar.

—Não tema, moço, já verá como o Senhor te aplaina o caminho.

—Assim o espero —concluiu João—. E despedindo-se de seu interlocutor foi ocupar seu posto, em atitude pensativa, enquanto ia repetindo:

—Quem sabe se…?

Mas hei aqui que alguns dias depois, o senhor Turco e seu filhinho viram o João atravessar a vinha e vir alegre e pressuroso ao encontro de ambos dando visíveis mostras de satisfação.

—Que novidades há?, —pergunto-lhe o proprietário—; pois você está tão alegre, e faz alguns dias você se mostrava tão preocupado.

—Boas notícias! Boas notícias!, —exclamou João—.

—Esta noite tive um sonho, segundo o qual continuarei meus estudos, chegarei a ser sacerdote e me porei à frente de numerosos meninos, me dedicando à educação dos mesmos durante toda a vida.

—Assim que tudo está arrumado e logo serei sacerdote.

—Mas, isso não é mais que um sonho —observou o senhor Turco— e já sabes que do dito ao feito há um grande trecho.

—Oh! O resto não me interessa. Sim; —concluiu João—, serei sacerdote; por-me-ei à frente de muitíssimos jovens, e lhes farei muito bem.

E assim dizendo, muito contente, dirigiu-se a ocupar seu posto de vigia.

Na manhã seguinte, ao retornar da paróquia, onde tinha ouvido a Missa, foi visitar a família de Turco; e a senhora Luzia, chamando a seus irmãos, com os quais João estava acostumado a falar freqüentemente, perguntou ao moço sobre o motivo da alegria que lhe refletia no semblante. João então assegurou a seus ouvintes que tinha tido um formoso sonho. Como lhe pedissem que o contasse disse:

Que tinha visto vir para si a uma majestosa Senhora que conduzia um rebanho muito numeroso e que se aproximando dele o chamou pelo seu nome, e lhe disse:

—Joãozinho, aqui tens este rebanho; a teus cuidados Eu os confio.

—E como farei eu para guardar e cuidar tantas ovelhas e tantos cordeirinhos? Onde encontrarei pastos suficientes?

A Senhora lhe respondeu:

—Não temas; Eu estarei contigo.

E desapareceu.

Dom João Batista Lemoyne, biógrafo de São João Bosco, escreve nas Memórias: “Esta narração a ouvimos de lábios do senhor Turco” e está perfeitamente de acordo com a seguinte declaração consignada por Dom Bosco nas Memórias do Oratório:

“Aos dezesseis anos tive outro sonho”.

(M. B. Tomo I, págs. 243-244.—M. O. Década 1, pág. 4.)
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