A vocação de São Mateus

São Mateus

A vocação de São Mateus

E, depois disto, saiu Jesus, e viu sentado no telônio um publicano, chamado Levi, e disse-lhe: Segue-me. E ele, deixando tudo, levantando-se, O seguiu. E Levi deu-lhe um grande banquete em sua casa, onde concorreu grande número de publicanos e de outros que estavam sentados à mesa com eles.

E os fariseus e os escribas murmuravam dizendo aos discípulos de Jesus: Por que comeis e bebeis vós com os publicanos e com os pecadores? E Jesus, respondendo, disse-lhes: Os sãos não têm necessidade de médico, mas sim os enfermos. Não vim chamar os justos, mas os pecadores à penitência. (Lc. 5, 27-32)

Comentários compilados por Santo Tomás de Aquino na Catena Aurea

Santo Agostinho –– Depois da cura do paralítico, o Evangelista segue falando da conversão do publicano, dizendo: “E depois disto saiu e viu um publicano, chamado Levi que estava sentado no telônio”. São Mateus é esse Levi.

São Cirilo –– Levi era, pois, publicano, homem avarento, desenfreado no que diz respeito às coisas supérfluas, que apetecia o alheio (este é, pois, o oficio dos publicanos); mas dos escritórios da malícia é arrancado pelo chamado de Cristo; de onde segue: “E disse-lhe: Segue-me”.

Santo Ambrósio –– Manda que o siga, não com o movimento do corpo, mas com o afeto da alma. E assim chamado ele por meio da palavra, abandona o que era próprio, aquele que antes tomava o alheio. De onde prossegue: “E levantando-se, deixou todas as suas coisas e o seguiu”.

São João Crisóstomo –– No que se pode ver o poder daquele que chama e a obediência do que é chamado. E não resistiu, nem sequer vacilou, mas imediatamente obedeceu; e não quis sequer voltar à sua casa para contar à sua família o que sucedia. .

São Basílio –– E não só abandonou a arrecadação dos impostos, mas tampouco menosprezou os perigos que podiam vir ao seu encontro, tanto a ele como à sua família, por não prestar em devida forma as contas da arrecadação.

São João Crisóstomo –– O Senhor honrou o chamado de Levi, aceitando imediatamente o convite que este lhe fez; isto lhe inspirava mais confiança. Pelo que segue: “E lhe fez Levi um grande banquete em sua casa”.

E não estava só com Ele, mas havia muitos outros mais. Pelo que segue: E assistiu a ele um grande número de publicanos e de outros que estavam com eles à mesa”.

Tinham vindo os publicanos à casa de Levi para ver seu companheiro e a um homem de sua mesma classe, mas Levi, gloriando-se da presença de Jesus Cristo os convidou a todos para comer.

Jesus Cristo empregava todo o gênero de meios para obter a salvação dos homens; e assim não só disputava, e curava as enfermidades, mas também repreendia aos que tinham inveja; e mesmo quando estava comendo, corrigia também os erros de alguém; ensinando-nos assim que qualquer ocupação e qualquer tempo pode ser-nos útil.

Não evitou a companhia dos publicanos, pela utilidade que se seguiria; como um médico que não curaria a enfermidade se não tocasse a chaga.

(Respondendo à acusação dos fariseus) o mesmo Senhor fez voltar o argumento contra eles, manifestando que não era pecado tratar com os pecadores, mas sim conforme a misericórdia, de onde prossegue: “E Jesus lhes respondeu, e lhes disse: Os sãos não necessitam de médico e sim os enfermos”. No que lhe adverte que eles também pertencem ao número dos paralíticos; mas que Ele é o verdadeiro médico. E prossegue:

“Eu não vim para chamar os justos à penitência e sim os pecadores”. Como que dizendo: Não detesto os pecadores, porque só vim para o bem deles; não para que continuem pecando, mas para que se convertam e se tornem bons.

Comentários do Padre Luís Cláudio Fillion

Depois deste grande milagre (a cura do paralítico de Cafarnaum) dirigiu-se Jesus para a margem do lago. Ali também se aglomerou a multidão de novo, e depois de distribuir-lhe o pão da divina palavra, prosseguiu seu passeio pela margem.

Vendo então sentado em seu escritório de cobrador de impostos o publicano Levi, filho de Alfeu, mais conhecido no Evangelho com o nome de Mateus, lhe disse: Segue-me, chamando-o assim para ser seu discípulo.

Não era a primeira vez que se conheciam; a obediência, pois, imediata e generosa de Levi se explica por si mesma. E ainda que sua conversão tivesse sido obra de um só instante, o fato psicológico estaria de acordo perfeito com o poder admirável de atração que Jesus exercia nos corações.

Pouco depois, este publicano, chamado à dignidade de Apóstolo e evangelista, deu em honra de seu novo mestre um banquete solene ao qual convidou seus antigos colegas e amigos.

Ocasião esta que foi bem oportuna para manifestarem os fariseus sua animosidade contra Jesus. Sem ousar dirigir-se a Ele em pessoa, os fariseus, castigados por suas respostas arrasadoras, perguntaram aos discípulos que estavam presentes ao banquete: ‘Por que vosso mestre come e bebe com publicanos e pecadores?’Entre os judeus de então, publicanos e pecadores eram sinônimos.

O Salvador, que havia ouvido a pergunta insidiosa e pérfida de seus adversários, se encarregou de responder-lhes por si mesmo. ‘Não são os que estão bem de saúde, e sim os enfermos os que necessitam de médico’. Ide e meditai o que significa esta palavra: Quero a misericórdia e não o sacrifício. ‘Pois não vim chamar os justos e sim os pecadores’.

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Pe. Luís Cláudio Fillion, Nuestro Senõr Jesucristo según los Evangelios, Editorial Difusión, Tucumán, 1859, pp. 125-126.
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Senhor Bom Jesus de Tremembé

Senhor Bom Jesus de Tremembé

Senhor Bom Jesus de Tremembé
(Fonte: Revista Catolicismo)
A seis quilômetros de Taubaté, no Vale do Paraíba, situa-se a antiga e pitoresca cidade paulista de Tremembé.

Seus trinta e dois mil habitantes, ainda cheios de religiosidade, cresceram dentro de um cenário rico em tradições que se mantém vivas, graças ao espírito familiar que os caracteriza e os irmana.

Sua história tão encantadora faz jus à cidade e a seus arredores. Tudo remonta ao aparecimento miraculoso da imagem do Senhor Bom Jesus de Tremembé.

A fundação da vila deu-se no ano de 1669, quando o capitão-mor Manuel da Costa Cabral obteve permissão para erigir uma capela ao Senhor Bom Jesus, em terras de sua propriedade.

Conta-nos a legenda ter, certo dia, aparecido no arraial um velho peregrino de todos desconhecido. Construiu para si uma pequena cabana na qual se trancou, pouco saindo e com ninguém mantendo contacto.

Ali, permaneceu a sós, longe dos olhares; numa rotina de mistérios, mas nem por isso deixando de chamar enormemente a atenção da circunvizinhança.

De repente, desapareceu o velho sem deixar vestígios nem de onde viera nem para onde partira.

Curiosos, os vizinhos dirigiram-se à choupana abandonada e encontraram – para surpresa e alegria geral – uma imagem do tamanho natural de um homem, de belas linhas anatômicas contrastando com expressiva fisionomia de dor, que caracterizam exatamente a atual imagem do Senhor Bom Jesus de Tremembé.

Havia se operado evidente milagre, levando a crer tratar-se de um enviado de Deus o velho peregrino, que deixou na vila uma dádiva do Céu.

Os fiéis, cheios de fervor, para melhor venerarem a imagem, edificaram nas cercanias uma ermida, onde o Senhor Bom Jesus prodigalizava seus favores. Prodígios e milagres que prosseguem até nossos dias, como se pode constatar visitando a sala de milagres existente no próprio edifício da majestosa igreja matriz ou Santuário Menor.

Outro milagre deu-se por ocasião do traslado da imagem da cabana até à ermida. No local onde o Senhor Bom Jesus pousava seus pés, brotou uma fonte cristalina que constitui a atual fonte santa, cujas águas possuem o dom da cura das enfermidades.

No início deste século, ocorreu outro prodígio por ocasião da “gripe espanhola” que assolou Taubaté, causando entre seus habitantes grande número de vítimas. Tendo os fiéis dessa cidade pedido que a imagem venerável do Senhor Bom Jesus viesse em seu socorro, a fim de protegê-la da epidemia que ceifava inúmeras vidas, ficou ela exposta à veneração pública durante dias seguidos.

Não tardou, com efeito, o termo da enfermidade para alegria e conforto de todos. Após esse fato extraordinário, a imagem desapareceu inexplicavelmente para reaparecer, dias depois, na igreja matriz de Tremembé, em seu altar de costume.

O povo acorreu pressuroso ao templo para tomar conhecimento do ocorrido. Após uma análise cuidadosa da imagem, nada de estranho se notou nela, salvo seus pés cheios de barro e poeira da estrada que ligava as duas cidades.

Soube-se, pouco depois, que moradores das margens do caminho tinham visto o Senhor Bom Jesus caminhando em direção à sua cidade e matriz de origem.

Embora não encontrássemos referências escritas a esse último prodígio, ele constitui voz corrente, voz do povo dos dois municípios.

Conhecemos tais pequenas jóias em viagem por essa aconchegante região e contactando pessoas das mais gradas às mais simples daquele bom povo de Deus.

Se ao deixarmos Tremembé sentimos saudades, ganhamos, em contrapartida, um ornamento para nosso espírito. Não são as saudades o ornato da vida?

Praza a Deus possa o leitor sentir, em alguma medida, semelhantes saudades que gostaríamos de compartilhar com cada um pessoalmente, evocando esta pequena história.

Se puder, vá algum dia a Tremembé e recorde-a durante a visita. Reze ao Senhor Bom Jesus, pedindo-lhe que proteja . sempre o Brasil; e reze sobretudo, para que nós brasileiros tenhamos saudades da casa paterna da qual nunca deveríamos ter saído.

Certamente sentirá saudades ao sair de Tremembé. Reconforte-se pois com este ornamento para toda a sua vida. Afinal, as boas saudades configuram um sentimento próprio do Brasil real, do Brasil brasileiro.

Ladainha do Senhor Bom Jesus

Senhor, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós. Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós. Senhor, tende piedade de nós.

Bom Jesus, Filho do Deus vivo, tende piedade de nós.
Bom Jesus, imagem do Pai,
Bom Jesus, Sabedoria eterna,
Bom Jesus, esplendor da luz eterna,
Bom Jesus, Palavra da vida
Bom Jesus, Filho da Virgem Maria,
Bom Jesus, Deus e homem,
Bom Jesus, Sumo Sacerdote,
Bom Jesus, anunciador do Reino de Deus,
Bom Jesus, caminho, verdade e vida,
Bom Jesus, pão da vida,
Bom Jesus, verdadeira videira,
Bom Jesus, irmão dos pobres,
Bom Jesus, amigo dos pecadores,
Bom Jesus, médico das almas e dos corpos,
Bom Jesus, salvação dos oprimidos,
Bom Jesus, refúgio dos desamparados,
Bom Jesus, que viestes a este mundo,
Bom Jesus, que libertastes os oprimidos pelo demônio,
Bom Jesus, traído e aprisionado,
Bom Jesus, atado com cordas,
Bom Jesus, flagelado com açoites,
Bom Jesus, coroado com espinhos,
Bom Jesus que levastes a cruz às costas,
Bom Jesus, que por nós foste crucificado,
Bom Jesus, que aceitastes a morte por amor a nós,
Bom Jesus, que foste depositado no sepulcro,
Bom Jesus, que descestes à mansão dos mortos,
Bom Jesus, que ressuscitastes no terceiro dia,
Bom Jesus, que subistes glorioso aos céus,
Bom Jesus, que estais sentado à direita do Pai,
Bom Jesus, que enviastes o Espírito Santo,
Bom Jesus, que vireis julgar os vivos e os mortos,
Bom Jesus, ouvi-nos. Bom Jesus, ouvi-nos.
Bom Jesus, atendei-nos. Bom Jesus, atendei-nos.
Cordeiro de Deus , que tirais o pecado do mundo, perdoai-nos Senhor.
Cordeiro de Deus , que tirais o pecado do mundo, ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus , que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós.

Oremos: Deus eterno e onipotente, que, para dar ao gênero humano um exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se encarnasse e sofresse o suplício da cruz, concedei em vossa bondade que recolhamos as lições de sua paixão para que mereçamos ter parte em sua Ressurreição. Pelo mesmo Cristo, Senhor nosso. Amém.

Oração ao Senhor Bom Jesus de Tremembé

Ó meu bom e dulcíssimo Jesus, flagelado para minha salvação, sois uma chaga viva ante os meus olhos; fito vosso belo rosto, mas, ai! ele perdeu sua beleza, é horrível de ver-se, manchado como está, de sangue, machucaduras e escarros.

Quanto mais desfigurado vos vejo, ó meu Salvador, tanto mais belo vos acho e digno de amor!

Que são, de fato, estas chagas e contusões, senão sinais de vossa ternura para comigo?

Amo-vos, ó meu Jesus, ferido e dilacerado por mim!

Quisera ver-me também todo em chagas por vós, como tantos mártires.

Mas se não vos posso oferecer agora chagas e sangue, ofereço ao menos todas as penas que tiver de sofrer; ofereço meu coração e a vós quero amar o mais ternamente que me for possível.

Ah! a quem deve, pois, minha alma ter amor mais terno que a um Deus flagelado e esgotado de amor por ela?

Amo-vos, ó Deus de amor, amo-vos, ó bondade infinita, amo-vos, meu amor, meu tudo; amo-vos, e quero repetir sem cessar nesta vida e na outra: Eu vos amo, eu vos amo!
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Vitorino Coelho de Carvalho, Subsídios à histórla de Tremembé, Gráfica São Dimas, São José dos Campos (SP). 1957.
As orações e a foto foram publicadas em
http://www.bomjesusdetremembe.org.br/ora.htm
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Uma morte anunciada — 1863

Uma morte anunciada — 1863

Copiamos da crônica de Dom Ruffino:

“No dia 1 de novembro (1863), de noite, (São) João Dom Bosco contou aos jovens de uma maneira um tanto jocosa, um breve sonho que tinha tido, com estas palavras:

Não sei se foi motivado pelo pensamento da festividade dos Santos e da comemoração dos fiéis defuntos, o certo é que a noite passada sonhei que morreu um jovem e que eu o acompanhava à sepultura.

Não lhes quero dizer com isto que algum de Vós deva morrer imediatamente; mas posso assegurar que tive vários destes sonhos e todos se realizaram.

Dois dias depois (São) João Dom Bosco voltou a falar sobre a morte e disse:

— Nós estamos acostumados a fazer um pouco de bem e a preparar um fundo de orações em favor daquele que morra primeiro na casa. Também agora devemos fazer o mesmo. Não quero dizer que em breve teremos que lamentar o passo à eternidade de quem deva gozar deste depósito espiritual, mas isto acontecerá. Por isso, ao tal, preparemos-lhe um capital que produza muito fruto.

Quem fique neste mundo alegrar-se-á de permanecer entre os vivos; e o que morra sentir-se-á contente de encontrar-se com os sufrágios preparados de antemão”.

“(São) João Dom Bosco — continua a crônica de Dom Ruffino — propunha aos jovenzinhos todas as noites uma pequena devoção para praticar. A primeira naquela ocasião foi o ajudar às almas do Purgatório.

Em 25 de novembro tinha morrido no Colégio do Mirabello o jovem Antonio Boriglione, de oficio sapateiro, de dezoito anos de idade, o qual tinha sido enviado do Oratório ao Mirabello para que se restabelecesse em sua quebrantada saúde e para que ao mesmo tempo se ocupasse de algum trabalho manual.

(São) João Dom Bosco assegurou publicamente que não era Boriglione ao que tinha feito referência no sonho e que o que teria que morrer conforme tinha indicado a princípios de novembro em seu relato, estava já avisado, ao menos de uma maneira indireta, para que se preparasse”.

A crônica de Dom Ruffino continua em outro lugar:

“Até hoje não soubemos no Oratório a morte do Luis Prete, natural do Agliano, à idade de vinte anos. Desde fazia algum tempo encontrava-se doente em sua casa. Passou à eternidade em cinco de dezembro.

Ao comunicar a infausta nova à comunidade, (São) João Dom Bosco disse:

— Não será o jovem Prete o indicado no sonho? Nem o afirmo nem o nego. O único que asseguro-lhes é que nesta casa os moços morrem de dois em dois; o que não quer dizer que agora vá acontecer o mesmo, mas sim temos que admitir que assim aconteceu sempre. Quando falece um aluno, aos quinze ou vinte dias vai à eternidade outro. Agora veremos se acontece o mesmo.

Talvez este segundo jovem foi Francisco Besucco, que faleceu santamente em 9 de janeiro de 1864″.

(M. B. Volume VII, pág. 550)

A miraculosa arte de Santo Antonio de Santana Galvão

Imagem de Santo Antonio e do Menino Jesus à qual Santo Antonio de Santana Galvão aplicou a sua arte. Clique para ampliar

Entre os prodígios atribuídos a Santo Antonio de Santana Galvão, está o ocorrido com uma das imagens conservadas na capela do Mosteiro da Luz, conforme uma narrativa:

“Sobre as imagens da Igreja, há interessante tradição a respeito da de Santo Antonio. Assim como algumas outras, foi feita pelas antigas Irmãs. A escultora fora pouco feliz quanto à posição do Menino Jesus que não ficara voltado para o Santo e sim para a frente.

“Quando Frei Galvão a viu, achou melhor corrigir o defeito, e para tanto bastou tomar a cabecinha do Menino Jesus e voltá-la para a direção desejada; obedeceu-lhe a matéria insensível, e permaneceu a imagem como até hoje a vemos na igreja do Convento.

“Não sabemos quanto há de historicamente verdadeiro nesta ingênua tradição. Uma coisa chama-nos fortemente a atenção: é a graciosíssima expressão do Menino Jesus, muito diferente do ar um tanto inexpressivo de Santo Antonio; diferença motivada, talvez, pelo vestígio da miraculosa arte do Servo de Deus”

O elefante branco; o demônio e seus cúmplices — 1863

O elefante branco; o demônio e seus cúmplices — 1863

Não tendo podido dar (São) João Dom Bosco o presente do último dia do ano a todos seus alunos, por não encontrar-se em casa, ao retornar do Borgo Cornalese, no dia quatro de janeiro, que era domingo, prometeu-lhes que o daria na noite da festa da Epifanía.

Era, pois, em 6 de janeiro de 1863 e todos os jovens, artesãos e estudantes, reunidos no mesmo lugar, esperavam com ansiedade o suspirado presente.

Rezadas as orações, o bom pai subiu a sua tribuna e começou a dizer assim:

“Esta é a noite do presente. Todos os anos quando se aproximam as festas de Natal estou acostumado a dirigir ao Senhor orações especiais, para que me inspire algum presente, que possa servir para seu bem espiritual.

Mas este ano redobrei minhas súplicas, posto que o número dos jovens que me escutam é muito major. Passou, entretanto, o último dia do ano, chegou na quinta-feira, na sexta-feira, e… nada de novo.

Na noite da sexta-feira fui deitar-me, cansado das fadigas do dia, mas não pude pegar um olho em toda ela, de forma que pela manhã encontrava-me meio morto de cansaço. Não perdi a serenidade por isso, antes bem, alegrei-me, pois sabia que quando o Senhor vai-me manifestar algo, estou acostumado a passar muito mal à noite precedente.

Continuei minhas ocupações no Borgo Cornalese e na noite do sábado cheguei entre vós. Depois de confessar fui a dormir, e devido ao cansaço motivado pelas conversas e pelas confissões do Borgo e por quão pouquíssimo tinha descansado nas noites precedentes, fiquei dormido. E aqui começa o sonho que me tem que servir para dar-lhes o presente.

Meus queridos jovens: Sonhei que era dia festivo, era a hora do recreio depois do almoço e que se divertiam de mil maneiras. Pareceu-me encontrar-me em minha habitação com o cavalheiro Vallauri, professor de belas letras. Tínhamos falado de alguns temas literários e de outras coisas relacionadas com a religião; de repente ouço a porta o tac-tac de alguém que chama.

Corro a abrir; era minha mãe, morta fazia seis anos, que me diz assustada:

— Vêem ver, vêem ver.

— O que há?, — perguntei-lhe —.

Sem mais conduziu-me ao balcão e eis aqui que vejo no pátio em meio dos jovens um elefante de colossal tamanho.

— Mas como pode ser isso?, — exclamei —. Vamos, vamos!

E cheio de pavor olhava ao cavalheiro Vallauri e este a mim como se nos perguntássemos a causa da presença daquela besta descomunal em meio dos moços. Sem perda de tempo baixamos os três ao pátio.

Muitos de Vós, como é natural, aproximaram-se para ver o elefante. Este parecia de índole dócil; divertia-se brincando de correr com os jovens; acariciava-os com a tromba; era tão inteligente, que obedecia aos mandatos de seus pequenos amigos como se tivesse sido amestrado e domesticado no Oratório desde seus primeiros anos, de forma que numerosos jovens acariciavam-lhe com toda confiança e seguiam-lhe em qualquer parte.

Mas não todos estavam ao redor daquela besta. Logo vi que a maior parte fugiam assustados de uma parte a outra procurando um lugar de refúgio, e que ao fim entravam na igreja.

Eu também tentei penetrar nela pela porta que comunica com o pátio, mas ao passar junto à estátua da Virgem, perto da fonte, toquei a extremidade do manto de Nossa Senhora para invocar seu patrocínio, e então Ela levantou o braço direito. Vallauri quis me imitar fazendo o mesmo pela outra parte e a Virgem levantou o braço esquerdo.

Eu estava surpreso sem saber-me explicar um fato tão estranho.

Chegou enquanto isso a hora das funções sagradas e dirigiram-se todos à igreja. Também eu entrei nela e vi o elefante de pé ao fundo do templo perto da porta.

Cantaram-se as Vésperas e depois das orações dirigi-me ao altar acompanhado de Dom Alasonatti e de Dom Savio para dar a bênção com o Santíssimo Sacramento. Mas no momento solene em que todos estavam profundamente inclinados para adorar ao Santo dos Santos, vi, sempre ao fundo da igreja no centro do corredor, entre as duas fileiras dos bancos, ao elefante ajoelhado e inclinado, mas em sentido inverso, isto é, com a tromba e as presas voltadas em direção à porta principal.

Terminada a função, quis sair imediatamente ao pátio para ver o que acontecia; mas como tive que atender na sacristia a alguém que me queria comunicar uma notícia, tive que me deter um pouco.

Mas eis aqui que pouco depois encontro-me sob os pórticos enquanto vocês reatavam no pátio seus jogos. O elefante, ao sair da igreja, dirigiu-se ao segundo pátio, ao redor do qual estão os edifícios em obra. Tenham presente esta circunstância, pois naquele pátio teve lugar a cena desagradável que vou contar-lhes seguidamente.

De pronto vi aparecer lá ao final do pátio um estandarte no qual via-se escrito, com caracteres cubitales: Sancta María, succurre míseris (Santa Maria, socorrei os pecadores). Os jovens formavam-se detrás processionalmente.

De pronto e sem que ninguém o esperasse, vi o elefante que ao princípio parecia tão manso, jogar-se contra os circunstantes dando furiosos mugidos e colhendo com a tromba aos que estavam mais próximos a ele, levantava-os em alto, jogava-os no chão, pisoteando-os e fazendo um estrago horrível. Mas apesar disso, os que tinham sido maltratados dessa maneira não morriam, mas sim ficavam em estado de poder sanar das feridas espantosas que produziram-lhes os ataques da besta.

A dispersão então foi general: uns gritavam; outros choravam; outros, ao ver-se feridos pediam auxílio aos companheiros, enquanto, coisa verdadeiramente inqualificável, alguns jovens aos que a besta não tinha feito mal algum, em lugar de ajudar e socorrer aos feridos, faziam um pacto com o elefante para proporcionar-lhe novas vítimas.

Enquanto aconteciam estas coisas (eu encontrava-me no segundo arco do pórtico junto à fonte), aquela pequena estatua que vêem lá ((São) João Dom Bosco indicava a estátua da Santíssima Virgem) animou-se e aumentou de tamanho; converteu-se em uma pessoa de elevada estatura, levantou os braços e abriu o manto, no qual se viam bordadas, com deliciosa arte, numerosas inscrições.

O manto alcançou tais proporções que chegou a cobrir a todos os que iam a guarnecer-se debaixo dele: ali todos encontravam-se seguros. Os primeiros em ir a tal refúgio foram os jovens melhores, que formavam um grupo escolhido, mas ao ver a Santíssima Virgem que muitos não se apressavam a ir a Ela, chamava-os em alta voz:

— Venite ad me omnes! (Venham a mim)

E eis aqui que a multidão dos jovens seguia afluindo ao amparo daquele manto, que estendia-se cada vez mais e mais.

Alguns, em troca, em vez de acolher-se a ele, corriam de uma parte outra, resultando feridos antes de ficar seguros. A Santíssima Virgem, angustiada, com o rosto aceso, continuava chamando, mas cada vez eram mais estranhos os que iam a Ela.

O elefante prosseguia causando estragos, e alguns jovens, dirigindo uma e duas espadas, situando-se em uma e outra parte, dificultavam aos companheiros que se encontravam no pátio, ameaçando-os ou impedindo-lhes que acudissem a Maria. Aos das espadas o elefante não os incomodava o mais mínimo.

Alguns dos moços que se refugiaram perto da Virgem animados por Ela começaram a fazer freqüentes correrias; e em suas saídas conseguiam arrebatar ao elefante alguma presa, e transportavam ao ferido sob o manto da estátua misteriosa, ficando os tais imediatamente sãos.

Depois, os emissários da Maria voltavam a empreender novas conquistas. Vários deles, armados com paus, afastavam à besta de suas vítimas, mantendo a raia aos cúmplices da mesma. E não cessaram em seu empenho até a costa da própria vida, conseguindo pôr a salvo a quase todos.

O pátio aparecia já deserto. Alguns moços estavam tendidos no chão, quase mortos. Para uma parte, junto aos pórticos, via-se uma multidão de jovens sob o manto da Virgem. Em outra, a certa distância, estava o elefante com dez ou doze moços que tinham-lhe ajudado em seu trabalho destruidor, esgrimindo ainda insolentemente em tom ameaçador suas espadas.

Quando eis aqui que o animal, erguendo-se sobre as patas posteriores, converteu-se em um horrível fantasma de compridos chifres; e tomando um amplo manto negro ou uma rede, envolveu nela a aqueles miseráveis que tinham-lhe ajudado, dando ao mesmo tempo um tremendo rugido. Seguidamente os envolveu a todos em uma espessa fumaça e abrindo-se a terra sob seus pés desapareceram com o monstro.

Ao finalizar esta horrível cena olhei a meu redor para dizer algo a minha mãe e ao cavalheiro Vallauri, mas não os vi.

Voltei-me então para Maria Santíssima, desejoso de ler as inscrições bordadas em seu manto, e vi que algumas estavam tomadas literalmente das Sagradas Escrituras, e outras um pouco modificadas. Li estas entre outras muitas:

Qui elucidant me, vitam aetemam habebunt: qui me invenerit, inveniet vitam; se quis est parvulus veniat ad me; refugium peccatorum; salus credentium; plena omnis pietatis, mansetúdinis et misericordiae. Beati qui custodiunt vias mas.

Depois do desaparecimento do elefante todo ficou tranqüilo. A Virgem parecia como cansada por seu muito chamar. Depois de um breve silêncio dirigiu aos jovens a palavra, dizendo-lhes belas frases de consolo e de esperança; repetindo a mesma sentença que vêem baixo aquele nicho, mandadas escrever por mim: Qui elucidant me, vitam aetemam habebunt. Depois disse:

— Vós que escutastes minha voz e escapastes dos estragos do demônio, viram e puderam observar a seus companheiros pervertidos. Querem saber qual foi a causa de sua perdição? Sunt colloquia prava: as más conversações contra a pureza, as más ações a que se entregaram depois das conversações inconvenientes.

Viram também a seus companheiros armados de espadas: são os que procuram sua ruína afastando-os de Mim; os que foram a causa da perdição de muitos de seus condiscípulos. Mas quos diutius expectat durius damnat. Aqueles aos quais espera Deus durante mais comprido tempo, são depois mais severamente castigados; e aquele demônio infernal, depois de envolvê-los em suas redes, levou-os consigo à perdição eterna.

Agora vocês, partam tranqüilos, mas não esqueçam minhas palavras: Fujam dos companheiros que são amigos de Satanás; evitem as conversações más, especialmente contra a pureza; ponham em Mim uma ilimitada confiança, e meu manto servir-lhes-á sempre de refugio seguro.

Depois destas e de outras palavras semelhantes, esfumou-se e nada ficou no lugar que antes ocupava, à exceção de nossa querida estatua.

Então vi aparecer novamente a minha defunta mãe; outra vez elevou-se o estandarte com a inscrição: Sancta María, succurre míseris. Todos os jovens colocaram-se em ordem detrás dele e assim processionalmente dispostos, entoaram a loa: Elogia a María oh, língua fiel!

Mas logo o canto começou a decair; depois desapareceu todo aquele espetáculo e eu despertei completamente suado. Isto é quanto sonhei.

“Oh meus filhos! Vocês mesmos deduzam o presente: os que estavam sob o manto, os que foram jogados pelos ares, os que dirigiam a espada dar-se-ão conta de sua situação se examinarem suas consciências. Eu somente repetir-lhes-ei as palavras da Santíssima Virgem: Venite ad me, omnes. recorram todos a Ela; em toda sorte de perigos invoquem a Maria, e asseguro-lhes que serão escutados.

Pelo resto, os que foram tão cruelmente maltratados pela besta, façam o propósito de fugir das más conversações, dos maus companheiros; e os que pretendiam afastar a outros de Maria, que troquem de vida ou que abandonem esta casa. Quem deseja saber o lugar que ocupava no sonho, que venha para ver-me a minha habitação e eu o direi. Mas o repito: os ministros de Satanás, que troquem de vida ou que partam. boa noite!”

Estas palavras foram pronunciadas por (São) João Dom Bosco com tal unção e com tal emoção, que os jovens, pensando no sonho, não o deixaram em paz durante mais de uma semana. Pelas manhãs as confissões foram muito numerosas e depois do café da manhã um bom número entrevistou-se com o servo de Deus, para perguntar-lhe o lugar ocupava no sonho misterioso.

Que não se tratava de um sonho, mas sim mas bem de uma visão, tinha-o afirmado indiretamente (São) João Dom Bosco mesmo, ao dizer: “Quando o Senhor quer me manifestar algo, passo…, etc…. Estou acostumado a elevar a Deus especiais preces, para que me ilumine…”

E depois, ao proibir que se brincasse sobre o tema desta narração.

Mas ainda há mais.

Nesta ocasião o mesmo servo de Deus escreveu em um papel os nomes dos alunos que no sonho tinha visto feridos, dos que dirigiam a espada e dos que esgrimiam dois; e ensinou a lista a Dom Celestino Durando, encarregando-lhe de vigiá-los. Dom Durando proporcionou-nos a lista, que temos ante a vista, os feridos são 13, ou seja: os que provavelmente não se refugiaram sob o manto da Virgem; os que dirigiam uma espada eram 17; os que esgrimiam dois, reduziam-se a três. Uma nota ao lado de um nome indica uma mudança de conduta.

Temos que observar também que o sonho, como veremos mais adiante, não se referia somente ao tempo presente, mas também ao futuro.

Sobre a realidade do sonho, os mesmos jovens foram as melhores testemunhas. Um deles dizia: “Não acreditava que (São) João Dom Bosco me conhecesse tão bem; manifestou-me o estado de minha alma, e as tentações a que estou submetido, com tal precisão, que nada poderia acrescentar”.

A outros dois jovens, aos quais (São) João Dom Bosco assegurava havê-los visto com a espada, lhes ouviu exclamar: “Ah, sim, é certo; faz tempo que nos demos conta disso; sabíamos!” E trocaram de conduta.

Um dia, depois do café da manhã, falava de seu sonho e depois de ter manifestado que alguns jovens partiriam e outros teriam que fazê-lo, para afastar as espadas da casa, começou a comentar a astúcia dos tais, como ele a chamava; e a propósito disso referiu o seguinte feito:

Um jovem escreveu recentemente a sua casa acusando às pessoas mais dignas do Oratório, como superiores e sacerdotes, de graves calúnias e insultos.

Temendo que (São) João Dom Bosco pudesse ler aquela carta, estudou e encontrou a maneira de que chegasse a mãos de seus parentes sem que ninguém o pudesse impedir. Depois do café da manhã o chamei; apresentou-se em minha habitação e depois de fazer-lhe menção sobre sua falta, perguntei-lhe o motivo que o tinha induzido a escrever tantas mentiras. Ele negou descaradamente o fato; eu o deixei falar, depois, começando pela primeira palavra, repeti-lhe toda a carta.

Confundido e assustado, arrojou-se chorando a meus pés, dizendo:

— Então minha carta não saiu?

— Sim, — respondi —; a esta hora está em sua casa; deves pensar na reparação.

Alguns perguntaram ao (Santo) como o tinha sabido; mas (São) João Dom Bosco respondeu sorrindo com uma evasiva.

Eis aqui o que nos dizem as Memórias Biográficas sobre um dos personagens que intervêm neste sonho: o cavalheiro Vallauri:

Outro personagem ciumento, defensor dos próprios méritos, incapaz de admitir opiniões contrárias às suas, era o célebre Tomas Vallauri, doutor em Belas letras. Parente do defunto médico Vallauri, tinha conhecido no domicílio deste a (São) João Dom Bosco.

O professor tinha feito públicas algumas idéias próprias, algum julgamento, sobre os autores latino-cristãos, injuriando-lhes ao assegurar que, sendo a finalidade dos mesmos o ensino e defesa da religião, tinham descuidado e inclusive adulterado a língua. Este artigo caiu em mãos de (São) João Dom Bosco, o qual estudou a maneira de retificar o critério de seu autor. A ocasião não se fez esperar, tendo vindo o professor Vallauri a lhe visitar, o [Santo] começou a falar-lhe nestes términos:

— Satisfaz-me grandemente o ter chegado a conhecer um escritor, cujo nome é famoso já em toda a Europa e que honra tanto à Igreja com suas obras.

Vallauri, observando o olhar bonachão de (São) João Dom Bosco, interrompeu-lhe dizendo-lhe:

— Quer acaso quer reprender-me?

— Olhe, senhor professor — continuou (São) João Dom Bosco —, apoiando-me em seu critério, quero manifestar-lhe simplesmente meu pensamento: O Sr. sustenta que os autores latino-cristãos não escreveram com elegância suas obras; enquanto que a São Jerónimo o compara por seu modo de escrever com o Tito Livio, a Lactancio com o Cicerón e a outros com o Salustio e com Tácito. (São) João Dom Bosco não acrescentou mais: Vallauri refletiu um pouco e depois acrescentou:

— (São) João Dom Bosco, tem razão; diga-me o que é o que devo corrigir; obedecerei cegamente. É a primeira vez que submeto meu julgamento ao de outro.

E desde aquele dia estava acostumado a repetir ao falar de (São) João Dom Bosco:

— Estes são os sacerdotes que me agradam! Gente sincera!
(M. B. Volume VII, págs. 356-360)

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A salvação do mundo por meio das preces de Maria Santíssima

A salvação do mundo por meio das preces de Maria Santíssima
Todos os teólogos são acordes em afirmar que, se a salvação raiou para o mundo na época do imperador Augusto, devemo-lo às preces onipotentes de Maria, que conseguiu antecipar o dia do nascimento do Messias.

Ninguém pode dizer quantos anos ou quantos séculos teria ainda demorado a Redenção, sem as preces de Maria.

A reorganização do mundo não veio daqueles que, no tempo de Augusto, se agitavam nas praças públicas ou nos conciliábulos políticos.

Ela veio da oração humilde e confiante da Virgem Maria, inteiramente ignorada por seus contemporâneos e vivendo uma existência contemplativa e solitária, no pequeno recanto onde a Providência a fez nascer.

Sem desmerecer por pouco que seja a vida ativa, é preciso notar que foi por meio da oração e da contemplação, que se antecipou o momento da Redenção.

E os benefícios que o gênio de Augusto, o tino de todos os grandes políticos, de todos os grandes generais, financistas e administradores de seu tempo não puderam dar ao mundo, Deus os dispensou por meio de Maria Santíssima.

Quem mais beneficiou o mundo não foi quem mais estudou, nem quem mais agiu, mas quem mais e melhor soube orar.
(Plinio Corrêa de Oliveira no “Legionário, 25-12-1938”)

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Quando as mães têm Nossa Senhora como modelo

Nossa Senhora é Mãe das mães

Quando as mães têm Nossa Senhora como modelo

Constitui poderosa ajuda, para se ter uma correta devoção marial, o poder beneficiar-se de uma formação familiar psicologicamente adequada a isso, procurando as mães assemelharem-se a Maria Santíssima

Enquanto dava uma aula de catecismo, deparei-me com um sério e complicado problema da vida moderna. Explicava aos meus ouvintes — um grupo de jovens em torno de 17 anos — a gravidade do pecado cometido por Caim contra Abel. Examinei com eles não só o pecado de inveja, e o fato de Caim oferecer a Deus frutos secundários e não os melhores, mas concretamente o crime de assassinar o próprio irmão.
Para minha surpresa, não os sensibilizava a circunstância de que o assassinato, em si gravíssimo, revestia-se de uma gravidade ainda maior sendo um fratricídio. Concordaram em que todo assassinato é ruim, mas não lhes impressionava em particular o fato de ter sido praticado por um irmão.

Nesse momento veio-me a idéia de perguntar quantos deles tinham irmãos. A maioria tinha somente um, geralmente uma irmã, ou não tinha nenhum. Ou seja, a muitos deles faltava o ponto de referência elementar para melhor entender o problema.

Aquela convivência varonil entre irmãos, a confiança recíproca, a união de esforços, a certeza de apoio mútuo, eles não tinham. Conseqüentemente, faltavam a eles pressupostos para entender certas matérias.

Algum leitor poderá achar exagerado levantar esse problema, e argumentar que sempre na História houve filhos únicos, e a eles não faltou a capacidade de sentir ou entender o que é um irmão. É verdade que sempre houve filhos únicos, mas as famílias geralmente eram numerosas, ou até numerosíssimas.

Os que não tinham irmãos, certamente tinham primos, ou então amigos que tinham irmãos, e com isso não lhes faltavam os modelos em que se basear para entender o significado de um irmão. Mas hoje, em famílias modernas com um ou poucos filhos, virou uma regra muito generalizada a falta de irmãos, e até a falta de primos.

Na alma dos jovens a quem eu procurava instruir, faltava um elemento para apreciar o que significa em profundidade esse fato concreto, que é alguém eliminar violentamente um ser tão próximo como um irmão.

Mãe: insubstituível missão

Mas o problema não parou aí. Imediatamente me veio à mente uma outra hipótese: Será que eles entendem corretamente o que significa ser Nossa Senhora nossa mãe? Será que expressões como doçura materna, bondade de mãe, solicitude maternal ou desvelo materno têm para eles o mesmo sentido que para outras gerações? Obviamente, toda precaução é pouca, quando se trata de tema tão delicado.

Perguntei-lhes: Quando vocês estiveram doentes, quem foi a pessoa do sexo feminino que mais se esforçou por tratá-los melhor? Muitos respondiam que fora a mãe, outros mencionavam a irmã, uma enfermeira, uma avó ou até uma vizinha.

Outra pergunta: Quando choraram a última vez, quem foi a pessoa que mais procurou consolá-los? As respostas foram as mesmas, só que apareciam também uma amiga ou uma colega de aula. Mais uma pergunta: Quando tiveram um problema que não queriam contar a seu pai, a quem o contaram? De modo geral, a proporção foi a mesma: metade recorria à mãe, e os outros a outra pessoa.

Família normalmente constituída

Depois, ao longo do tempo, nas conversas individuais que ocasionalmente se apresentavam, indaguei discretamente sobre o que pensavam seus pais de tal ou qual problema. As respostas eram boas por um lado, mas por outro deixaram-me com uma sensação de profunda melancolia, ao constatar que a atual geração, por assim dizer, conhece pouco o que é uma família normal na sua plenitude.
Alguns tinham pais separados, divorciados, ou nem conheceram o pai. A mãe tinha que ser a figura que impunha a disciplina, e ao mesmo tempo a que representava a misericórdia. Outros tinham parentes altamente exigentes, que freqüentemente os obrigavam a estudar, e estudar muito, afirmando que, após a morte deles, o jovem teria que se arranjar sozinho no mundo.

Outros viam pouco seus pais, pois as condições da vida moderna exigiam-lhes trabalhar muito, e às vezes em horários nada favorecedores ao convívio familiar. Os pais de alguns pareciam preferir que eles não crescessem, e que fossem sempre meninões.

A outros, os pais exageravam na proteção, a ponto de nem deixá-los sair com amigos. Em todos os casos pesavam sobre as famílias as condições desfavoráveis da vida moderna nas grandes cidades.

Uns pelos outros, é como se a palavra mãe perdesse algo do significado que tinha para as gerações anteriores. A falta de uma Civilização Cristã, na qual as exigências da vida sejam adequadas à Religião e à moral (não só à economia e ao prazer) produz também no santuário do lar os seus frutos amargos.

A Mãe de todas as mães

Por outro lado, a graça de Deus atua nas almas para contrabalançar tais efeitos. Há mães que, apesar de terem necessidade de trabalhar longas horas fora de casa, ou cuidar elas sozinhas de sua prole, nem por isso lhes falta a dedicação, a entrega, o desvelo pelos filhos. São mães que se sacrificam por eles. Por pouco que fosse o tempo disponível para dedicar a seus filhos, estes notavam o carinho, e o comentavam.

Sob certo ponto de vista, a dedicação materna ajuda na formação religiosa dos filhos, pois para eles a idéia de que Nossa Senhora é nossa mãe, que a cada momento nos protege e cuida de nós, os enche de consolação. No fundo, a concepção que aqueles jovens tinham de Nossa Senhora dependia muito da idéia que faziam da própria mãe.

Daí a séria responsabilidade que têm as mães em serem virtuosas, pois, entre outras coisas, estarão colocando a cada dia, a cada minuto, na cabeça de seus filhos, os pontos de referência a partir dos quais eles vão entender depois as verdades da nossa Religião.

E não é só na cabeça dos filhos, pois muitas vezes elas são também os modelos admirados por outros jovens ou crianças que com elas tomam contato. Pode ser que elas mesmas não notem, ou que jamais alguém mencione para elas esse fato, mas diante de Deus isso tem um valor enorme.

Fica aqui este ponto de meditação para todas as mães. Na medida em que elas se esforçam para ser como que um reflexo de Nossa Senhora, fazem um apostolado da maior importância. E a Virgem Santíssima, Mãe de todas as mães, saberá premiar tão excelente esforço.
(Valdis Grinsteins)
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Devoção ao Anjo da Guarda e aos Santos

Anjo da Guarda

Devoção ao Anjo da Guarda e aos Santos

Devoção ao Anjo da Guarda

“Havemos de venerar e invocar devotamente o santo anjo da guarda porque:

1. Ele é um eminente príncipe da corte celeste;

2. Ele nos foi designado por Deus como nosso companheiro, protetor e guia.

Lembra-te sempre de sua presença, e nunca faças à vista dele o que não ousarias fazer à vista de tua mãe.

Em todos os perigos corporais e espirituais, invoca-o e segue suas inspirações. Não te esqueças de que também o teu semelhante tem o seu anjo custódio. Saúda também a este anjo muitas vezes, e regula o teu procedimento com o próximo de conformidade com essa verdade.

Devoção aos santos

Havemos de venerar também os santos, porque:

1. São amigos prediletos de Deus;

2. São modelos proeminentes da perfeição;

3. São poderosos e pressurosos intercessores.

A mais excelente devoção aos santos consiste, também neste caso, em lhes imitar as virtudes. Há entretanto, na vida dos santos, certos exercícios que mais são para admirar do que para imitar. As vidas dos santos constituem ótima leitura espiritual. Lendo-as, devemos ter em vista sobretudo nossa edificação e o afervoramento na prática das virtudes.

Uma devoção muito especial devemos ter a São José, ao santo de nosso nome, ao de nossa paróquia, enfim, àqueles santos que se distinguiram nas virtudes que mais nos faltam”.
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Fonte: Fr. Antônio Wallenstein, O.F.M., Catecismo da Perfeição Cristã, Editora Vozes, Petrópolis, 1956, III edição.

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O Sacerdócio visto por São João Maria Vianney (Santo Cura d’Ars)

São João Maria Vianney padroeiro dos sacerdotes

O Sacerdócio visto por São João Maria Vianney (Santo Cura d’Ars)

“Se tivéssemos fé, veríamos Deus oculto no sacerdote, como a luz por trás da vidraça, como vinho misturado na água.”

“Devemos considerar o padre quando está no altar e no púlpito como se fosse o próprio Deus”

“Oh! como o sacerdote é algo sublime! Se ele se apercebesse morreria… Deus lhe obedece: diz duas palavras e Nosso Senhor desce do céu.”

“Se não tivéssemos o sacramento da Ordem, não teríamos Nosso Senhor. Quem o colocou no tabernáculo? O padre. Quem foi que recebeu nossa alma à entrada da vida? O padre. Quem a alimenta para lhe dar força de fazer sua peregrinação? O padre.

“Quem a preparará para comparecer perante Deus, lavando a alma pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O padre, sempre o padre. E se alma vier a morrer, quem a ressuscitará, quem lhe dará a calma e a paz? Ainda o padre.”

“O Sacerdote não é para si, mas para vós…

“Quem recebeu vossa alma à sua entrada na vida? É o sacerdote. – Quem a sustenta para dar-lhe a força de fazer sua peregrinação? O sacerdote. – Quem há de prepará-la para se apresentar diante de Deus, purificando-a pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. –

“E se a alma morrer quem há de ressuscitá-la? Ainda o sacerdote. – Não há benefício alguma de que vos lembreis sem ver logo ao lado desta recordação a figura do sacerdote. – O sacerdote tem as chaves dos tesouros celestiais; é o procurador de Deus, é o ministrador de seus bens.”

“Só no céu compreenderemos a felicidade de poder celebrar a Missa.”

“O padre não é para si. Não dá a si a absolvição. Não administra a si os sacramentos. Ele não é para si, é para vós.”

“Se um padre vier a morrer em conseqüência dos trabalhos e sofrimentos suportados pela glória de Deus e a salvação das almas não seria nada mal.”

“O Sacerdote só será bem compreendido no céu… Se o compreendêssemos na terra, morreríamos, não de pavor, mas de amor.”

“Se não fosse o padre, a morte e a Paixão de Nosso Senhor de nada serviriam.”

“O Sacerdote é o amor do Coração de Jesus. Quando virdes o padre, pensai em Nosso Senhor Jesus Cristo.”

São João Maria Vianney é padroeiro dos sacerdotes e a Igreja celebra sua festa no dia 4 de agosto.

(São João Maria Batista Vianney)
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A “Salve Rainha”, canto de guerra para as Cruzadas completado por São Bernardo

Salve Rainha, Mãe de misericórdia

A “Salve Rainha”, canto de guerra para as Cruzadas completado por São Bernardo
Quantas vezes dos lábios piedosos a todo momento, um pouco por toda parte, se levanta ao Céu a oração Salve Rainha! Salve Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, Salve, etc., etc.

Mas, quantos sabem qual é a sua origem? Sabem que foi composta especificamente como um canto de guerra para os Cruzados?

Pois bem, eis a origem dela.

Ela é atribuída ao bispo de Puy, Dom Adhemar de Monteuil, membro do Concílio de Clermont, onde foi resolvida a primeira Cruzada. Adhemar seguiu a Cruzada na qualidade de legado apostólico e compôs a Salve Rainha, ou Salve Regina em latim, para que se tornasse o canto de guerra dos cruzados.

A princípio, a antífona acabava por estas palavras: nobis post hoc exilium ostende. A tríplice invocação que a termina presentemente foi acrescentada por São Bernardo, e merece ser narrado como se fez.

Na véspera do Natal do ano de 1146, S. Bernardo, mandado para a Alemanha como legado do Papa, fazia sua entrada solene na cidade de Spire, depois de uma viagem memorável na qual os milagres foram numerosos.

O bispo, o clero, os cidadãos todos, com grande pompa vieram ao encontro do santo e conduziram-no, ao toque dos sinos e dos cânticos sagrados, através da cidade até a porta da capital, onde o imperador e os príncipes germânicos o receberam com todas as honras devidas ao legado do Papa.

Enquanto o cortejo penetrava no recinto sagrado, o coro cantou a Salve Rainha, antífona predileta do piedoso abade de Claraval.

Bernardo, conduzido pelo imperador em pessoa e rodeado da multidão do povo, ficou profundamente comovido com o espetáculo que presenciara.

Acabado o canto, prostrando-se três vezes, Bernardo acrescentou de cada vez uma das aclamações, enquanto caminhava para o altar sobre o qual brilhava a imagem de Maria: O clemens! O Pia! O dulcis Virgo Maria! — Ó clemente! Ó piedosa! Ó doce Virgem Maria!

(“Maria ensinada à mocidade” – Livraria Francisco Alves, Rio, 1915)
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